domingo, 28 de junho de 2015


Flores

“Flores para seus pés

para suas mãos, guardo o meu calor

para sua pele, o meu toque

eu seria tua flor

para sua boca, o meu beijo

sorte dessas flores, que puderam lhe tocar

Flores para seus pés

para minha musa poder andar

eu só posso lhe olhar...”


Hileane Barbosa

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015


Não precisa ser lido, ele já morreu

Eu ia escrever sobre um homem prestes a pular de um prédio para a morte no calçadão duzentos metros abaixo. Ele teria boas razões para isso. Estaria também a olhar a foto de uma garota. Uma filha? A esposa? Talvez a amante? Eu parei. Não porque eu tenha dificuldades em dizer os motivos que o levaram a pensar nisso, posso inventá-los e depois pô-los em ordem alfabética. O meu empecilho está entre o momento em que ele olhou para baixo, exalou um último suspiro profundo injetando oxigênio nos pulmões quase como se ele fosse água e ele estivesse com sede, até aquele terrível segundo em que suas pernas balançaram no ar e logo depois o tronco, os braços, a cabeça em um grito preso. Estou me referindo naquele espaço curto de tempo que parece durar a vida toda. Escrever é difícil. Chega a ser uma espécie de masoquismo. Mas eu não queria fazer desse conto um uma nuvem para meus devaneios. Foi o que veio e como palavras são difíceis de me acharem então me agarrei a estas na esperança de sair algo depois de meses estagnada em uma única história. É bom, muito bom na verdade. Estou sorrindo enquanto escrevo isso. Penso no homem do prédio. Ele ainda espera que eu descida sobre a sua morte. Agora não! eu lhe digo. Espere mais um pouco. Tu acabaras de nascer de algum canto escuro (ou bem iluminado) da minha mente, podes esperar mais um pouco! Em breve volto a ti, eu acho... Ora, por que choras? Jogue-se de uma vez então! Já se jogou?! Ah sim, é mesmo. Pois deixe-me em paz por enquanto. Quero narrar a tua queda. A queda foi lenta, (ou sou eu querendo prolongar o seu sofrimento?) O homem a viu. Ora, a Morte não tinha um rosto assim tão feio. Chegava a ser consolador para o coitado. Bem, se isso acontece é porque quero que seja assim. Olhe, outro fato sobre escrever: você é rei ou rainha de um mundo só seu, mas o castelo que constrói é o próprio monarca, portanto, é de se presumir que o reinada equivalha a soberania e poder do rei. O meu reinado ainda não tem dimensões (e nem pretendo ter algum dia), pois ele continua sempre a crescer e isso me limitaria. Seria um trabalho interessante verificar isso, mas minha energia está concentrada na tarefa de construí-lo e só. Qualquer coisa a mais e eu estaria a perder tempo, pelo menos é o que eu acho momentaneamente. Também estou a verificar outros reinados, construídos por outros escritores. Reis e rainhas de longas datas ou mesmo iniciantes. É uma tarefa interessante, me dispendia bastante tempo, mas é muito enriquecedor. Compare a leitura como uma espécie de saque (mas sem saldo negativo para ninguém ) a um castelo. Poxa, você ainda está ai? E está caindo? Sim, eu já sabia! Pois bem, então que isso chegue ao fim.  O homem finalmente se esborracha no chão e o seu espirito vem me gritar que eu poderia ser mais profunda e poética em minhas palavras, afinal, ele morreu e isso merecia uma maior atenção da minha parte. Então eu lhe digo: Mas não fui eu que me suicidei. Agora aguente as consequências, meu filho, por que quem manda aqui, sou eu.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Diálogos sobre o amor



─ O que cabe e um beijo?
─ Todo o testemunho da existência do outro?
─ Em um beijo de amor?
─ Sim.
─ E em um falso?
─ A negação do outro.


...


─ Só quem conhece ama?
─ eu te amo.
─ E como sabe?
─ Por que eu te conheço.
─ Como sabe que me conhece?
─ Porque eu te amo.
─ Essa é mesmo a sua resposta? Não tem lógica.
─ Tem lógica. O amor vem com o conhecimento e o conhecimento vem com o amor em uma troca perfeita!
─ Um ciclo?
─ Ciclos quebram com pequenas interferências.
─ Eu sei.
─ Ainda assim me ama?
─ Sim, por todo o sempre.
─ E tu? Ama-me?
─  Ao infinito, com lógica ou sem lógica.


...


A fera sorri
Sempre ganha
Luta, sacode, incomoda
A vítima pretende fugir
No próximo trem
Corre, pula, se esconde.
Na poltrona do vagão diz amém
A fera ainda sorri
Ela ganha
Ganhará sempre
Ela mente, sequestra, maltrata
Da perseguição, a mestre.
A vítima sorri
O desespero, seu cumplice.
Aceita a derrota e as por vir
A fera é a CULPA.

...

O beija-flor
Curva
Para
Desvia
Pousa
Num desce-sobe
De flor em flor


...

Por questão de sol
A noite dorme
Sonha deslizando pelas nuvens
Por questão de sol
O pássaro dorme
Sonha pousando em lustres
Por questão de sol
O leão dorme
Voando como abutres
Sem questão de sol
Eu durmo
 tranquila, serena
quando do meu quarto apagarem-se as luzes.

...



A Condenação de Jorge

Jorge foi condenado à prisão perpetua. Ele ainda não entendeu o que fez. Mas sua prisão é dourada, parece o mais rico ouro, somente sua. Ninguém, nunca mais, irá incomodá-lo; nem sua mãe, pai, esposa, filhos ou irmãos. E ... Vejam só! Tem comida em abundância, a mesma de todos os dias. Como Jorge deve ser feliz!
Não precisará trabalhar, o seu esforço se resumirá a apenas a acordar. Mas Jorge ainda não sabe o que fez.
Teve advogado? Não. Juiz? Não. Promotor... Um homem com cheiro de cigarro e morte. Carcereiro... Um garoto de dez anos que se alegra com a sorte de ter um prisioneiro.
Não houve julgamento, mas Jorge é culpado. O seu crime foi o de simplesmente saber cantar. O seu canto é de dor, a vida é lamentar.

Jorge é um pobre pássaro que nunca mais irá voar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Gosto de escrever, isso é fato, mas um blogger para divulgar faz colocar um novo sentido a isso. Aqui pretendo colocar artigos de opiniões, contos e talvez até algumas crônicas.